foto: internet
Netos do cantor e
compositor Luiz Gonzaga divulgaram uma “nota de nojo” na qual repudiaram a reprodução
da música “Riacho do Navio” do avô em live do presidente Jair Bolsonaro na
última 5ª feira no Facebook. A música é uma composição de Luiz Gonzaga
(1912-1989) e Zé Dantas (1921-1962). Foi tocada na sanfona e cantada pelo
presidente da EMBRATUR (Agência Brasileira de Promoção Internacional do
Turismo), Gilson Machado, na transmissão do presidente. Ele alterou alguns
versos da letra original para fazer referência ao fato de Bolsonaro ter
inaugurado 1 trecho da transposição do rio São Francisco, no Ceará. “O rio São
Francisco agora vai para o Ceará, presidente Bolsonaro levou o rio para o
Ceará”, cantou. (PODER360)
Mais uma pérola
presidencial. Existe uma tradição na política brasileira que são as
inaugurações, uma verdadeira pirotecnia. Não importa quem iniciou a obra o
importante é quem inaugura. O que interessa é garantir votos para as próximas
eleições. E para se atingir esse objetivo não existem limites. Agora o
presidente tentando fazer uma média com o povo nordestino, achou que uma versão
de uma música de um dos maiores artista da região cairia bem, afinal já é de
praxe tentar tapear esse povo, alguns já usaram chapéu de couro nos seus
comícios, outros até comeram as iguarias regionais, o bode a buchada, o que
vale é fazer a média.
Mas felizmente a
família de Luiz Gonzaga, não permitiu que a obra deste ícone servisse de
fantoche para esses políticos que não tem o mínimo respeito por está parte do
país que, na verdade só é lembrada pela turma do planalto para se tirar
vantagens eleitorais. E a nota da família é perfeita.
NOTA DE NOJO
“Diante da impotência e
da impossibilidade de processo por propaganda indevida, por dupla apropriação,
da canção de Luiz Gonzaga e Zé Dantas e do projeto do Rio São Francisco; nós,
filhos de Luiz Gonzaga do Nascimento Jr, netos de Luiz Gonzaga, o Gonzagão,
apresentamos uma NOTA DE NOJO diante deste governo mortal e suas lives.
Governo que faz todos
os gestos ao seu alcance para confundir e colocar em risco a população do
Brasil, enquanto protege a si mesmo e aos seus.
Não estamos de acordo
com o uso da canção Riacho do Navio, nem sua alteração, nem sua execução (com
duplo sentido) pelo Senhor Gilson Machado Neto, presidente da Embratur, em
transmissão ao vivo pelo Senhor Presidente.
E, AINDA QUE
SIMBOLICAMENTE, não autorizamos ao Governo Federal o uso das canções assinadas
por nenhum de nossos familiares, ou, ao menos, das respectivas partes que nos
cabem.
Sonhamos com o dia em
que nosso país volte a ser e a ter respeito e honestidade em relação à sua
história, suas injustiças e desequilíbrios.
Sonhamos o dia em que
se volte a reconhecer, dentro do país, a importância da Cultura, das artes
Brasileiras, e seu imenso legado por gerações, assim como o é em todo o mundo.
Sonhamos com o dia em
que a informação e o conhecimento sejam distribuídos democraticamente à todes,
para, apenas recomeçar, sanarmos essa doença que não faz distinção, além da
social, como costuma ser na nossa violenta história. E depois, para que o poder
e o espaço, em toda instância, possa ser equalizado e distribuído.
Sonhamos dias sem
mortos pela violência do Estado, seja ela direta ou indireta.
Finalmente; sonhamos
com quando poderemos dançar e cantar abraçados, sem medo, nos bailes de forró e
nas tantas festas as quais o Brasil faz e das quais é feito.
Trabalhamos todos os
dias por realizar estes sonhos, que não são apenas por nós, mas por todas as
gentes deste país.
Por hora, trabalhamos
em casa, cumprindo as indicações internacionais da Organização Mundial de Saúde
e pedimos que, todos que possam, também o façam.”
03/07/2020
Amora Pêra Gonzaga do
Nascimento
Nanan Gonzaga
Daniel Gonzaga”
Por: Jota Santos