A exposição Cícero Dias - com açúcar, com afeto chega à sua reta final no Farol
Santander São
Paulo, centro de cultura, lazer, turismo e gastronomia. Com 42 obras, a mostra,
que tem curadoria de Denise Mattar, produção de MG Produções e consultoria de
Sylvia Dias (filha do artista), foi a primeira de 2025 - iniciou em 24 de
janeiro - e faz parte da programação comemorativa pelos sete anos do Farol
Santander São Paulo. O público poderá visitar a exposição que ocupa toda a
galeria do 22º andar até 27 de abril (domingo).
“O Farol Santander tem orgulho em apresentar ao
público a obra de Cícero Dias, artista emblemático do modernismo brasileiro,
cujo trabalho transcende fronteiras e dialoga com as vanguardas internacionais.
Sua arte, marcada por uma paleta de cores vibrante, reflete as paisagens e a
cultura nordestina, evocando a essência lírica do Estado de Pernambuco”,
comenta Maitê Leite, Vice-presidente Executiva Institucional Santander.
A exposição sustenta como proposta realçar a
trajetória do artista, contextualizando sua história e evidenciando sua
profunda relação às origens pernambucanas. Embora tenha vivido a maior parte de
sua vida em Paris, onde foi amigo de Pablo Picasso, Paul Éluard, Alexander
Calder entre outros, Cícero Dias nunca deixou de fato o Engenho Jundiá, onde
nasceu.
O percurso circular da mostra apresenta as
aquarelas oníricas da década de 1920. Exibe também as pinturas memorialistas
dos anos 1930, atravessa o surrealismo dos anos 1940, aponta a abstração da
década de 1950, e traz sua produção dos anos 1960 a 1990, quando ele retorna à
figuração, incorporando toques nostálgicos dos anos 1930, acentos surrealistas
da década de 1920 e as conquistas estruturais da abstração.
“Lírico, agressivo, caótico, sensual, poético e
emocionante, o trabalho de Cícero Dias, no final dos anos 1920, era muito
diverso de tudo o que se produzia na época. Ele sacudiu os nossos incipientes
modernistas, estonteados pela força, a estranheza e a espontaneidade de sua
obra”, diz Denise Mattar curadora da mostra.
Um dos destaques da exposição é a obra inédita
Cabaré, déc.1920, uma aquarela sobre papel com dimensões de 49,5 x 29,5 cm.
Este trabalho foi adquirido por um colecionador francês nos anos 1930, após uma
exposição de Cícero Dias em Paris, permanecendo na Europa desde então.
Recentemente, a obra foi adquirida pelos colecionadores brasileiros que a
cederam para esta mostra.
Outro significativo trabalho de Cícero Dias
exibido nesta exposição é a tela aquarelada Casa grande do Engenho Noruega
(1933). Esta obra é uma das principais da carreira do artista e ilustrou a capa
de diversas edições do livro Casa-Grande e Senzala, de Gilberto Freyre, um
marco na literatura brasileira.
O ambiente também contará com duas obras táteis,
com recurso de acessibilidade, incluindo Baile no Campo (1937), da Coleção
Santander Brasil, e Sem Título (s.d.), da Coleção Marcos Ribeiro Simon, São
Paulo, SP.
Entre as telas que integram o espaço, há peças
provenientes de algumas das principais instituições, como o Santander Brasil, o
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (RJ), o Museu de Arte Moderna de São
Paulo, o Museu de Arte Brasileira da FAAP (SP), o Instituto São Fernando (RJ),
além de colecionadores particulares, como Gilberto Chateaubriand (RJ), Waldir
Simões de Assis (PR), Marta e Paulo Kuczynski (SP), Leonel Kaz (RJ), Marcos
Simon (SP), entre outros.
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A exposição
A curadoria e a expografia organizaram a exposição
em núcleos, mantendo a circularidade e criando assim uma leitura que não é
estanque, mas simultânea e entrecruzada. A mostra não se apresenta como uma
retrospectiva, mas sim como um recorte que evoca o aspecto doce e afetuoso do
trabalho do menino de engenho.
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“Sonhos”:
Em 1928, Cícero Dias, com apenas 21 anos, realizou
uma exposição de aquarelas na Policlínica, no Rio de Janeiro, que atraiu a
atenção de toda a intelectualidade carioca. O artista apresentou um trabalho
que rompia com as correntes estéticas da época, sem seguir os estilos cubista,
impressionista ou expressionista.
O núcleo reúne nove obras produzidas entre 1925 e
1933. Dentre as peças, destacam-se as aquarelas Bagunça, 1928 (coleção
particular), Jogos, 1928 (acervo Museu de Arte Brasileira – MAB/FAAP) e Cabaré,
tela inédita, 1920 (coleção particular).
Também como destaque deste conjunto há o Retrato
de Manuel Bandeira, s.d. (coleção Gilberto Chateaubriand, MAM Rio), que carrega
uma curiosidade importante: Cícero Dias e o poeta Manuel Bandeira foram grandes
amigos. Em um de seus escritos, Bandeira fez uma homenagem ao artista,
evidenciando a relação próxima entre ambos e a admiração mútua que existia
entre eles.
O Rio não deve ter esquecido aquele estranho rapaz
que um dia expôs na sala térrea do derrubado edifício da Policlínica, à Av. Rio
Branco, uma abracadante coleção de aquarelas diante das quais o visitante
incauto era desde logo tomado por uma impressão de atropelamento (...). Manuel
Bandeira
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“Recordações”:
Esta ala engloba os anos entre 1930 e 1939, quando
a produção de Cícero Dias torna-se mais lírica, centrada nas suas lembranças de
infância no Engenho Jundiá. A transição da aquarela para o óleo altera a
dinâmica de sua produção, tornando-a mais narrativa, estática e construída.
Durante esse período, ele também cria um contraponto às suas memórias rurais,
retratando as recordações urbanas de sua juventude no Recife, com suas casas
coloniais à beira-mar, sobrados, interiores e jardins com casais românticos.
Composto por 16 obras, em sua maioria óleos, são
exibidas as aquarelas Os Senhores das Terras, 1920 (Coleção Tuiuiú, Rio de
Janeiro, RJ), Freiras e Meninas, 1920 (Coleção particular, Rio de Janeiro, RJ),
além da famosa litografia aquarelada que ilustrou a primeira versão de
Casa-Grande e Senzala, de Gilberto Freyre, com quem Cícero Dias mantinha uma
grande amizade.
Dentre as obras de destaque, estão os óleos
Canavial, 1927 (Coleção particular, Curitiba, PR), Baile no Campo, 1937
(Coleção Santander Brasil) e Casal com Criança, 1930 (Acervo Museu de Arte
Brasileira da FAAP).
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“Cronologia”:
Seguindo para o espaço da "Cronologia",
destaca-se a mudança de Cícero Dias para Paris, em 1937, motivada pela
perseguição política na Era Vargas. Em Paris, sua arte surrealista ganhou
destaque e sucesso imediato a partir da exposição na Galerie Jeanne Castel.
Esse momento será apresentado por uma cronologia
dinâmica, exibida digitalmente, com fotos extraordinárias do artista ao lado de
personalidades como Picasso, Max Bill, Paul Éluard, Di Cavalcanti, entre
outros.
“Novos Caminhos”:
O núcleo aponta o momento em que Cícero Dias segue
para Lisboa. De lá, ele deveria partir para o Brasil, mas decide casar-se com
sua então companheira Raymonde e permanecer em Portugal. Durante essa fase, sua
obra passa por uma transformação radical, com o uso de desenhos simplificados,
pinceladas brutas, cores inusitadas e intensas.
Em 1948, Cícero Dias executa no Brasil uma série
de pinturas murais abstratas, consideradas as primeiras da América Latina,
realizadas na sede da Secretaria da Fazenda do Estado de Pernambuco, no Recife.
Essa produção abstrata foi acolhida com entusiasmo na Europa, e o artista
passou a integrar o Grupo Espace, expondo na importante galeria francesa Denise
René.
Este período da exposição, conta com cinco obras:
Mulher na praia, c. 1944 (Coleção Gilberto Chateaubriand MAM Rio), Pássaro,
1940 (Coleção particular), obra inédita que pertenceu a Gilberto Freyre, Sem
título, déc. 1940 (Coleção particular), Musicalidade, 1949 (Coleção particular)
e Abstrato, 1964 (Coleção Marcos Simon).
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“Reminiscências”:
“Reminiscências” retrata o final dos anos 1950,
quando Cícero Dias retomou a figuração, voltando às suas origens e resgatando o
imaginário lírico de sua terra natal. Incorporando suas descobertas ao longo da
vida, trouxe de volta a delicadeza das mulheres sonhadoras dos anos 1920,
mantendo os traços largos e a audácia colorística dos anos anteriores. Suas
novas obras foram sustentadas pela estrutura geométrica de sua abstração. Essa
fase seguiria até o final de sua vida, com um tom mais suave e doce.
O núcleo reúne 11 obras produzidas entre os anos
1950 e 1980. O conjunto reúne obras bastante significativas dentro desse
momento, como: Nostalgia, 1950 (Coleção
Instituto São Fernando, Vassouras, RJ), Caminho da vida, 1950 (Coleção Leonel Kaz, Rio de
Janeiro, RJ), Vaso de Flor, Figuras e Casario, 1960, (Coleção Ivani e Jorge
Yunes, São Paulo, SP), Sem título, s.d. (Coleção Marcos Ribeiro Simon, São
Paulo, SP), Canoeiro, 1980. (Coleção particular, Curitiba, PR).
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Cícero Dias
Nascido em 1907, no Engenho Jundiá, Pernambuco,
Cícero Dias ingressou nos cursos de Arquitetura e Belas Artes no Rio de
Janeiro, mas não os concluiu. Em 1937, mudou-se para Paris, onde viveu até o
fim da vida, integrando-se plenamente à vanguarda artística europeia. Apesar da
distância, o Brasil permaneceu presente em sua obra, assim como ele nunca foi
esquecido por seu país natal.
Em 1938, durante sua primeira exposição em Paris,
o crítico francês André Salmon descreveu Cícero Dias como um "selvagem
esplendidamente civilizado", uma definição que acompanhou toda a carreira
do artista, de sua estreia em 1928 até seu falecimento em 2003. Com uma
trajetória longa e prolífica, Cícero Dias manteve uma fidelidade rara a si
mesmo, sempre ousando criar livremente, sem temer críticas.
Sobre Denise Mattar
Foi diretora do Museu da Casa Brasileira, Museu de
Arte Moderna de São Paulo e Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Como
curadora independente realizou mostras retrospectivas de Di Cavalcanti, Flávio
de Carvalho (Prêmio APCA), Ismael Nery (Prêmios APCA e ABCA), Pancetti, Anita
Malfatti, Samson Flexor (Prêmio APCA), Yutaka Toyota (Prêmio APCA), entre
outras. E mostras temáticas como: Traço, Humor e Cia, O Olhar Modernista de JK,
O Preço da Sedução, O Brasil, Homo Ludens, Nippon, Brasília - Síntese das
Artes, Tékhne, Memórias Reveladas, (Prêmio ABCA) e Prêmio Governador do Estado
pela exposição um presente para Ciccillo, FAMA, Itu.
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Sobre o Farol Santander São Paulo - @farolsantander
Desde sua inauguração em janeiro de 2018, o Farol
Santander São Paulo - centro de cultura, turismo, lazer e gastronomia - já
recebeu mais de 1,8 milhão de visitantes e chega a sua 58ª exposição, sempre
nos eixos temáticos e imersivos, especialmente pensados para o público.
Construído para preservar o passado, iluminar o
presente e transformar o futuro, o Farol Santander tem atrações que ocupam 18
dos 35 andares do edifício de 161 metros de altura que, por décadas, foi a
maior estrutura de concreto armado da América do Sul.
As visitas começam pelo Hall do térreo, que surpreende
com o famoso lustre de 13 metros de altura, pesando mais de 1,5 tonelada,
passando pela Loja da Cidade e seguindo até o 26° andar. No Mirante do 26, o
visitante poderá apreciar deliciosos cafés por Mag Café, enquanto admira uma
das vistas mais famosas de São Paulo.
Entre os andares 25º e 26º, arte e natureza se
encontram em uma instalação encantadora. Assinada por Vic Meirelles, o espaço
traz uma homenagem ao Verão. Do 24° ao 19° andar estão as galerias de arte que
recebem exposições temporárias, apresentando trabalhos de diversos artistas
nacionais e internacionais.
Do 6º ao 2º andar, nos Espaços Memória, os
visitantes podem conhecer a história do prédio e da própria cidade de São
Paulo. Esses andares preservam mobiliário original, executado pelo Liceu de
Artes e Ofícios, expostos nas salas de reuniões, diretoria e presidência,
ambientadas sonoramente para simular o funcionamento de uma instituição
bancária na primeira metade do século XX. Na galeria do 4º andar fica a obra
Vista 360°, feita pelo artista brasileiro Vik Muniz exclusivamente para o Farol
Santander São Paulo.
A recém-inaugurada galeria Memória do 6 (sexto
andar) foi projetada em diferentes núcleos. São pinturas, fotografias, mapas,
desenhos, gravuras, mobiliários bancários, moedas e instalações artísticas.
Além disso, foram construídas três salas de reunião para eventos e atividades
diversas, ampliando ainda mais a oferta do Farol Santander como um ponto de
encontro para arte, negócios e cultura. A sala Sabiá-Laranjeira, localizada no
6º andar, tem entrada exclusiva e comporta até 22 pessoas sentadas, já a sala
Beija-flor, também no mesmo andar, tem entrada pela galeria de arte e comporta
10 pessoas. Por fim, a sala Bem-te-vi, também localizada no 6º andar, com
entrada independente, pode receber até 12 pessoas sentadas.
No subsolo do edifício, onde funcionava o cofre do
Banco, está instalado o Bar do Cofre por SubAstor. O bar é ambientado com as
características da época e pitadas contemporâneas em design e mobiliários, com
carta de drinks especiais e aperitivos.
Outro espaço conectado à gastronomia é a Cozinha
do 31 por Accademia Gastronomica. E no 28º andar, o Boteco do 28 por Bar da
Cidade, com um menu em referência à culinária da antiga paulistânia, nascida da
união entre ingredientes e costumes indígenas e portugueses.
Mais um diferencial da instituição é a inusitada
Pista do 21 por Rajas Skatepark, com instrutores homologados pela Federação
Paulista da modalidade indoor. A pista de skate fica localizada no 21º andar do
edifício e pode ser reservada para livre circuito de até sete skatistas por
bateria, além de oferecer agendamento de aulas.
Além dos andares culturais e gastronômicos, o
prédio possui dois espaços exclusivos para eventos. No 25° andar, um incrível
ambiente de 400m² decorado com elegante design, o Loft do 25, é um local
sofisticado e contemporâneo que se adapta a diversos formatos de eventos, de
casamentos a comemorações, passando por locação de filmes e novelas. E, no 8°
andar, a Arena do 8 é o espaço ideal para palestras, encontros e debates,
oferecendo equipamentos de áudio e vídeo, além da linda vista para o Vale do
Anhangabaú e Avenida São João.
Santander Brasil e Cultura
O Santander Brasil acredita, investe e promove o
acesso às mais distintas manifestações culturais e a oferta da cultura para a
sociedade. Em 2023, o Banco entrou oficialmente no universo da música, patrocinando
grandes shows internacionais.
Além de patrocinar e promover parcerias com
instituições e iniciativas culturais, como Museu do Amanhã (RJ), Festival de
Música em Trancoso (BA) e a restauração do Mural Batalha dos Guararapes (PE) e
do Museu do Ipiranga (SP), o Santander mantém seus próprios empreendimentos,
como os Farois Santander São Paulo e Porto Alegre, além do Teatro Santander e
033 Rooftop, na capital paulista.
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Sobre a Emdia
A Emdia é uma empresa do Santander Brasil que
oferece serviços de recuperação de crédito, relacionamento, atendimento ao
cliente, retenção, fidelização e BPO (Business Process Outsourcing) utilizando
o que há de melhor em atendimento humanizado, inteligência e tecnologia. Como
intermediadora da relação entre credores e consumidores, o papel da Emdia é
conciliar a recuperação do crédito e facilitar a reorganização financeira das
famílias que buscam quitar suas dívidas. O portal Emdia possui mais de oito
milhões de cadastros para renegociação de débitos.
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Serviço: Cícero Dias - com açúcar, com afeto
Onde: Rua João Brícola, 24 – Centro (estação São
Bento – linha 1, azul do metrô)
Site Farol Santander: farolsantander.com.br
Telefone Farol Santander: (11) 3553-5627
Funcionamento: terça-feira a domingo
Horários: 09h às 20h
Ingressos: R$ 45,00 (R$ 22,50, meia-entrada)
Cliente Santander: 10% de desconto comprando com o
cartão Santander (em até 8 ingressos).
Cliente Santander Select: 10% de desconto
comprando com o cartão Santander Select (em até 8 ingressos), e prioridade na
fila de entrada para o Farol.
Compra online:
https://www.farolsantander.com.br/#/sp (vendas também na bilheteria
local)
Classificação: livre
Foto: Divulgação
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