Indo direto ao ponto,
o dia de hoje 25 de dezembro, de todas as datas especiais que nós temos durante
todo o ano, para mim sem sombra de dúvida é a mais significativa, desde
criança, tenho um carinho muito grande pelo Natal, no meu entendimento por ser
o aniversário da criatura mais importante que já passou por esse planeta,
aquele que deveríamos ter como referência, na verdade, deveríamos tentar
imitá-lo, ele trouxe uma mensagem renovadora, nos chamou a atenção para o amor
ao próximo. No entanto, se formos falar do menino Jesus que se tornou homem
entre nós, passaríamos o dia inteiro enumerando as suas qualidades. Mas o que
nos traz hoje a essa reflexão é essa figura que há séculos permeia o imaginário
de crianças e até alguns adultos, que se chama “Papai Noel”, a maioria das
músicas Natalina, quase todas remete ao papel que esse personagem tem nessa
data tão marcante para a humanidade.
Uma em especial
chamou-me atenção, “Anoiteceu” essa melodia muito linda por sinal,
mas, ao mesmo tempo, critica melancólica e, desmistificadora da representação
do bom velhinho. Podemos observar por essas estrofes: “Papai Noel, vê
se você tem, a felicidade prá você me dar. Eu pensei que todo o mundo
fosse filho de Papai Noel. Bem assim felicidade, eu pensei que fosse uma
brincadeira de papel. Já faz tempo que pedi, mas o meu Papai Noel não vem. Com
certeza já morreu ou então felicidade é brinquedo que não tem”. Essa
música é de um compositor que se chama Assis Valente e que há muito não está
entre nós, no final da nossa crônica, traremos uma pequena biografia de sua
vida. Mas voltemos a nossa reflexão, porem não irei alongar-me, pois, a minha
intenção é que o caro leitor medite consigo mesmo e tire as suas conclusões.
Nós, pais e
principalmente meios de comunicação, a mídia no geral, somos os responsáveis
pela perpetuação desse personagem, de certa forma emblemático, que é o Papai
Noel. Quantos lares tiveram nas suas árvores de Natal, vários presentes, para
serem distribuídos entre filhos, netos, sobrinhos, amigos e agregados. E, ao
mesmo tempo, quantos lares o bom velhinho desconsiderou, passando com o seu
trenou por cima como se eles não existissem. Por um lado, algumas crianças se
consideram especiais por se sentirem filhas do Papai Noel, enquanto algumas,
quando veem na TV os lares que o velhinho visita, de quem elas acham que
realmente são filhas? A dica de hoje, meus caros leitores, é, entre
um intervalo da entrega de um presente, ou uma beliscada num pedaço de peru, ou
uma saborosa fatia de Panetone, pensarmos um pouco nesses órfãos do Papai Noel.
Vamos agora, como
prometido, conhecer um pouco da história do Assis Valente.
Segundo o jornalista
e biógrafo Gonçalo Junior
“O baiano José de
Assis Valente tinha 24 anos em 1932, já vivia há quatro no Rio de Janeiro e
estava sozinho e deprimido na noite de 24 de dezembro, véspera do Natal. Viu
uma folhinha de calendário na parede, em um quarto de pensão em Niterói, pegou
papel e lápis, começou a escrever.
Anoiteceu, o sino
gemeu
E a gente ficou
Feliz a rezar…
Naquela noite
solitária, estava nascendo uma das mais conhecidas canções populares do Brasil,
que alguns consideram o “hino” do Natal”.
Em função de uma
dívida cobrada por Elvira Pagã Assis
Valente tentou o suicídio pela primeira vez, cortando os pulsos. Elvira cantara
alguns de seus sucessos, junto da irmã.
Em 1938, chegou a
anunciar que encerraria a carreira de compositor; a revista Carioca, neste ano,
declarava em matéria em sua homenagem: “Assis Valente foi sem dúvida alguma uma
das maiores revelações do samba nos últimos tempos. Seu nome surgiu num
instante. Cresceu rapidamente (…) Foi durante muito tempo o “ás” da música
popular. Não subia uma revista à cena que uma, ou mais, de suas músicas não
fossem incluídas na peça. Foi um nunca acabar.”[Casou-se, em 23 de dezembro de
1939, com Nadyli da Silva Santos. Em 13 de maio de 1941, tentaria o suicídio
mais uma vez, saltando do Corcovado — tentativa frustrada por haver a queda
sido amortecida pelas árvores. Em 1942, nasce sua única filha, Nara Nadyli,
após o que separa-se da esposa.
O suicídio
“Desesperado com as
dívidas, Assis Valente vai ao escritório de direitos autorais, na esperança de
conseguir dinheiro. Ali só consegue um calmante. Telefona aos empregados,
instruindo-os no caso de sua morte, e depois para dois amigos, comunicando sua
decisão. Sentando-se num banco de rua, ingere formicida, deixando no bolso um
bilhete à polícia, onde pedia ao também compositor e amigo Ary Barroso que lhe
pagasse dois aluguéis em atraso. Morria às seis horas da tarde. No bilhete, o
último “verso”:
Foto: Imagem de
divulgação
Reportagem: Jota Santos
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