domingo, 25 de dezembro de 2022

“EU PENSEI QUE TODO MUNDO FOSSE FILHO DE PAPAI NOEL”

Indo direto ao ponto, o dia de hoje 25 de dezembro, de todas as datas especiais que nós temos durante todo o ano, para mim sem sombra de dúvida é a mais significativa, desde criança, tenho um carinho muito grande pelo Natal, no meu entendimento por ser o aniversário da criatura mais importante que já passou por esse planeta, aquele que deveríamos ter como referência, na verdade, deveríamos tentar imitá-lo, ele trouxe uma mensagem renovadora, nos chamou a atenção para o amor ao próximo. No entanto, se formos falar do menino Jesus que se tornou homem entre nós, passaríamos o dia inteiro enumerando as suas qualidades. Mas o que nos traz hoje a essa reflexão é essa figura que há séculos permeia o imaginário de crianças e até alguns adultos, que se chama “Papai Noel”, a maioria das músicas Natalina, quase todas remete ao papel que esse personagem tem nessa data tão marcante para a humanidade. 

 

Uma em especial chamou-me atenção, “Anoiteceu” essa melodia muito linda por sinal, mas, ao mesmo tempo, critica melancólica e, desmistificadora da representação do bom velhinho. Podemos observar por essas estrofes: “Papai Noel, vê se você tem, a felicidade prá você me dar. Eu pensei que todo o mundo fosse filho de Papai Noel. Bem assim felicidade, eu pensei que fosse uma brincadeira de papel. Já faz tempo que pedi, mas o meu Papai Noel não vem. Com certeza já morreu ou então felicidade é brinquedo que não tem”. Essa música é de um compositor que se chama Assis Valente e que há muito não está entre nós, no final da nossa crônica, traremos uma pequena biografia de sua vida. Mas voltemos a nossa reflexão, porem não irei alongar-me, pois, a minha intenção é que o caro leitor medite consigo mesmo e tire as suas conclusões.


Nós, pais e principalmente meios de comunicação, a mídia no geral, somos os responsáveis pela perpetuação desse personagem, de certa forma emblemático, que é o Papai Noel. Quantos lares tiveram nas suas árvores de Natal, vários presentes, para serem distribuídos entre filhos, netos, sobrinhos, amigos e agregados. E, ao mesmo tempo, quantos lares o bom velhinho desconsiderou, passando com o seu trenou por cima como se eles não existissem. Por um lado, algumas crianças se consideram especiais por se sentirem filhas do Papai Noel, enquanto algumas, quando veem na TV os lares que o velhinho visita, de quem elas acham que realmente são filhas? A dica de hoje, meus caros leitores, é, entre um intervalo da entrega de um presente, ou uma beliscada num pedaço de peru, ou uma saborosa fatia de Panetone, pensarmos um pouco nesses órfãos do Papai Noel.


Vamos agora, como prometido, conhecer um pouco da história do Assis Valente.

Segundo o jornalista e biógrafo Gonçalo Junior

 

“O baiano José de Assis Valente tinha 24 anos em 1932, já vivia há quatro no Rio de Janeiro e estava sozinho e deprimido na noite de 24 de dezembro, véspera do Natal. Viu uma folhinha de calendário na parede, em um quarto de pensão em Niterói, pegou papel e lápis, começou a escrever.

Anoiteceu, o sino gemeu

E a gente ficou

Feliz a rezar…

Naquela noite solitária, estava nascendo uma das mais conhecidas canções populares do Brasil, que alguns consideram o “hino” do Natal”.

Em função de uma dívida cobrada por Elvira Pagã  Assis Valente tentou o suicídio pela primeira vez, cortando os pulsos. Elvira cantara alguns de seus sucessos, junto da irmã.

Em 1938, chegou a anunciar que encerraria a carreira de compositor; a revista Carioca, neste ano, declarava em matéria em sua homenagem: “Assis Valente foi sem dúvida alguma uma das maiores revelações do samba nos últimos tempos. Seu nome surgiu num instante. Cresceu rapidamente (…) Foi durante muito tempo o “ás” da música popular. Não subia uma revista à cena que uma, ou mais, de suas músicas não fossem incluídas na peça. Foi um nunca acabar.”[Casou-se, em 23 de dezembro de 1939, com Nadyli da Silva Santos. Em 13 de maio de 1941, tentaria o suicídio mais uma vez, saltando do Corcovado — tentativa frustrada por haver a queda sido amortecida pelas árvores. Em 1942, nasce sua única filha, Nara Nadyli, após o que separa-se da esposa.

O suicídio

“Desesperado com as dívidas, Assis Valente vai ao escritório de direitos autorais, na esperança de conseguir dinheiro. Ali só consegue um calmante. Telefona aos empregados, instruindo-os no caso de sua morte, e depois para dois amigos, comunicando sua decisão. Sentando-se num banco de rua, ingere formicida, deixando no bolso um bilhete à polícia, onde pedia ao também compositor e amigo Ary Barroso que lhe pagasse dois aluguéis em atraso. Morria às seis horas da tarde. No bilhete, o último “verso”:

Foto: Imagem de divulgação

Reportagem: Jota Santos


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